Ambiente: um tema de todos os tempos...
Muitas coisas terríveis há
mas nenhuma mais terrível que o Homem.
Esse, como tempestuoso Noto,
para além do mar cinzento
caminha pelas vagas,
que rugem à sua volta.
Massacra a Terra,
imperecível e incansável,
-a mais excelsa entre os deuses-,
movendo o arado, ano após ano,
com raça trabalhando.
O Homem engenhoso,
lançando a rede à volta,
apanha, a tribo das aves, de coração leve,
e a raça das feras selvagens,
e a fauna marítima,na pregas da malha fiada;
e com artificios domina a fera
que vive ao ar livre
nos montes
e submete o cavalo de pescoço com crina,
com o jugo à volta do pescoço
e o touro incansável das montanhas.[...]
o Homem na grande cidade,
mistura leis da terra,
com a justiça aos deuses jurada.
É expluso da cidade
o que acompanha com o que não é bom,
por causa da ousadia.
Não se senta à lareira comigo,
nem se tenha igual nos pensamentos
aquele que faz tais coisas.
Sófocles, Antígona (332-375)
Um poema de Sófocles, que por ser tão actual que poderia ter sido escrita nos tempos de hoje. Estas são questões tão pertinentes actualmente, como eram quando Sófocles escreveu o seu poema do século V a.c.Passados tantos séculos podem identificar-se os mesmos problemas. Soper diz: “natureza é o termo com que a humanidade pensa a sua especificidade, e que faz sempre par oposicional com alguma outra palavra, que constitui a outra face da moeda”, diferenciando o humano do não humano.
Desde a Grécia antiga que este binómio Homem-Natureza está associado à ambivalência interpretativa que o contraste de dois termos possibilita. No final do Século XX , surge um novo conceito para o binómio Homem / Natureza, onde por um lado estão a política e a legislação e por outro a intervenção insistente da ciência. Curiosa é a opinião de Guiddens que defende que o Homem se vai preocupando menos com o que a natureza pode fazer por ele, mas sim o que ele pode fazer pela natureza “Um mundo, onde o lado sombrio do projecto de transformação de uma natureza definida como o Outro em relação à humanidade”.
4 Comments:
Pensamentos reflectidos ..... trabalho Paula Castro.... muito bem. Afinal sempre foi compensador comparar os artigos
Tinha-te deixado uma mensagem aqui, mas não o que lhe aconteceu.
Quer dizer que já há séculos que andamos a pensar no assunto e ainda não fizemos grande coisa com ele?
Perante isto, que acções podemos empreender? Qual a nossa responsabilidade?
Oxalá não passem mais umas dezenas de anos e continuemos com discursos parecidos.
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