segunda-feira, dezembro 26, 2005

Retrospectiva ambiental...

Fazendo uma retrospectiva do ano que agora está prestes a terminar, penso que o mais me marcou em termos de ambiente, em Portugal, foi a seca. Esta que se viveu em 2005, foi a maior de que há memória, pelo menos na minha memória! O Alentejo dourado, das searas de trigo, este Verão estava...em pó! Este assunto toca-me especialmente, vi o gado e a terra secos, tudo castanho e pó...só pó...entristecedor! Os meteorologistas disseram que um anticiclone de bloqueio afastou as
chuvas da península ibérica, fazendo com que 100% do território nacional, ficasse sob seca severa ou extrema. As albufeiras e barragens do Alentejo, estavam vazias e de lá foram retiradas quase 170 toneladas de peixe vivo, para evitar que morressem dentro de água, devido à falta de oxigénio, o que implicaria uma maior deterioração da água, já de si em quantidade reduzida. Segundo a Quercus, Portugal é um país que assenta grande parte da sua produção eléctrica na componente hídrica, pelo que a seca obrigou a uma maior produção, recorrendo às centrais térmicas a carvão, gás natural e fuelóleo. A Quercus, revelou também, que devido à seca, entre Janeiro e Setembro deste ano, o sector de produção de electricidade, emitiu mais 39% de dióxido de carbono para a atmosfera, em relação ao período homólogo de 2004. "Já não existem dúvidas de que o clima do planeta está a mudar", referiu Dennis Tirpak, em Exeter, "Nove dos últimos dez anos revelaram ser os mais quentes, desde o início das medições meteorológicas, em 1861", disse o mesmo cientista. Após um ano em que Portugal atravessou um dos piores períodos de seca dos últimos 60 anos, não será fundamental uma maior sensibilização das pessoas para a gestão racional dos recursos hídricos, educando para a mudança dos comportamentos?

3 Comments:

Blogger Desambientado said...

Totalmente de acordo com a eleição, a nível nacional, porque a nível internacional eu elegeria, os ciclones, Katrina e Rita que foram efectivamente devastadores.

e....continuamos a não acreditar que o clima está a mudar.

Votos de umas boas entradas em 2006, para ti e toda a família.

2:58 da manhã  
Blogger Ana Isabel Godinho said...

A nível internacional, os ciclones no continente americano, foram sem dúvida gravissimos, concordo consigo.
Mas temos que olhar principalmente "para o nosso quintalinho", pois se cada um cuidar do seu "quintal", o mundo será bem melhor! Em Portugal, como se não bastasse a seca, houve os incêncios florestais. E as árvores em vez de purificarem o ar, acabaram, devido aos incêndios, por poluí-lo! E gastaram-se mais uns milhares de litros de água a tentar apagá-los!
Um cenário que, se nada for alterado no sistema de protecção e detecção de incêndios, poderá repetir-se no ano que se aproxima.
E voltamos ao mesmo! seca, incêndios, mais seca, mais gastos de energia e maior poluição!
Para quando uma politica decente de prevenção dos fogos florestais?

Ana Isabel

10:22 da manhã  
Blogger Desambientado said...

Ana Isabel.

Em 2003, fiz uma conferência no Brasil, e mais tarde publiquei um artigo numa revista brasileira, onde dizia:
"Penso que os fogos florestais em Portugal neste Verão de 2003, resultaram da incorrecta associação Conservação – Inacção e da incoerência do planeamento político. Após um Inverno chuvoso, a produção de biomassa aumentou drasticamente. O Verão que se lhe seguiu, extremamente quente, transformou grande parte dessa biomassa em material combustível. Se lhe associarmos a desertificação do interior do País e o abandono de pequenas parcelas agrícolas que acabaram por ligar diferentes ecossistemas, a situação é potencialmente perigosa. Em Portugal existe, como no resto da Europa, uma boa consciência ambiental, o que não houve, no caso da gestão e conservação das florestas e ecossistemas portugueses foi o entendimento dos comportamentos dos ciclos biogeoquímicos e uma política eficaz de sustentabilidade das populações do interior do País.
Os erros de Gestão e Conservação da Natureza pagam-se ao longo do tempo com a fome, a inabitabilidade dos espaços ou com a própria vida.
A Gestão da Natureza implica o acompanhamento dos ciclos naturais, implica a gestão das actividades humanas, implica a gestão das actividades industriais, implica
uma adequada distribuição territorial da população e implica uma harmonia entre o homem e a natureza."

Nada disso se alterou no nosso País.

11:47 da manhã  

Enviar um comentário

<< Home