Biofilía - um novo conceito

Pode o Homem ser plenamente realizado num mundo separado da natureza, cercado por artefactos e empreitadas culturais, encerrado em redutos electrónicos, nos quais grande parte da realidade lhe chega pelo televisor ou computador? esta é a questão a que a teoria da biofilía tenta responder, como sendo uma força que afecta a forma como o Homem reage aos outros organismos vivos, é a afinidade do Homem, com o mundo natural, sendo descrita por Wilson (1986, 3, 5) "innate tendency to focus on life and lifelike processes [...] that the essence of our humanity, the expansive freedom the mind seeks, is inextricably linked with the green enclaves of this planet”. Willson (1986) analisa a necessidade que o Homem tem para centrar a vida natural como uma tendência básica, integrante do desenvolvimento equilibrado do indivíduo, defende que a espécie humana, não é a mais importante, nem a única que interessa, as bactérias, os fungos, os protozoários e as plantas surgiram no mundo muito antes do Homo Sapiens e a humanidade depende destes organismos e dos cuidados com os recursos naturais, se quiser manter-se vivo. Boff (2001, 9) aproxima-se também da teoria da biofilía quando refere que “hoje nos encontramos numa fase nova da humanidade. Todos estamos regressando à casa comum, à Terra: os povos, as sociedades, as culturas, a natureza e as religiões. Todos trocamos experiências e valores. Todos nos enriquecemos e nos completamos mutuamente (...)”, esta teoria da biofilía, providencia um poderoso argumento para a conservação da biodiversidade, implicando sérias consequências para o bem estar da sociedade urbana, que cada vez mais se afasta do mundo natural. Isto aplica-se a um vasto espectro de relacionamentos do Homem com a natureza, esta interacção traz importantes consequências, para uma vasta gama de características humanas, inclusive as intelectuais, as emocionais, as espirituais e as estéticas. Alguns autores que aderiram a esta teoria, vêem-na como um novo e vigoroso argumento, para conservar a natureza e para recolocar o máximo possível dela nos ambientes urbanos. Defendem que o Homem começa a reaprender e a apreciar os espaços naturais agradáveis, a convivência com a água e árvores em locais públicos urbanos. A biofilía é importante para a mente humana, dizem Wilson e Kellert (1995), pois a plena expressão da biofilía, depende da intensidade com que as pessoas tiveram contacto com a natureza na sua juventude. Nos grandes centros urbanos, essa falta de contacto inicial pode levar à indiferença e até à hostilidade para com o meio ambiente. Por outro lado existem opiniões, que não concordam com esta teoria e referem que isto é apenas um argumento para voltar ao contacto com a natureza e repudiar a moderna sociedade urbana em desenvolvimento.
Wilson (1986) defende também que a biofilía poderá ter uma componente genética e ancestral: as pessoas desenvolvem fobias mais rapidamente às cobras e aranhas do que a artefactos ameaçadores como facas e pistolas. O medo e as fobias, assim como o gosto e o prazer, desenvolvem-se rapidamente, através de um pequeno reforço negativo ou positivo, por exemplo: as serpentes suscitam fascinação e admiração a uns e medo a outros. O medo também pode desempenhar uma função importante, ao activar reacções de autodefesa no ser humano, estas situações trazem consigo emoções positivas ou negativas. Wilson (1986)engloba todas estas emoções na biofilía, porque considera que esta é a matriz na qual a mente humana teve origem e na qual está permanentemente enraizada. Ao separarem o Homem do meio natural que o rodeia, argumentam, Wilson e Kellert (1995) surgirá um Homem psicologicamente mais pobre. Parafraseando Wilson (1986, 6) “Man whether he likes it or not, is tied to this planet and its life force”. O termo foi utilizado no homónimo, escrito por Edward O. Wilson em 1984, biólogo que adopta a teoria da evolução.
Mais recentemente surgiu The Biophilia Hypothesis, uma colectânea de ensaios editada por Wilson, da Universidade Harvard, e por Stephen R. Kellert, da Universidade Yale. Nela um bom número de cientistas tenta expor a questão com mais detalhe e exibir todas as provas existentes.