sábado, dezembro 31, 2005

Dez réis de esperança...

Em noite em que o ano termina, às 22.30 queria por aqui algo que transpirasse esperança, contudo dei por mim a escrever um poema de Gedeão, que acho lindo!...
Penso que adequado para terminar um ano e iniciar outro...
Vamos fazer um ano de 2006 melhor!!!
Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,viram e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule,
flutuando no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos até os fazer em sangue.
António Gedeão
FELIZ 2006!

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Sendo este blog de cariz ambiental, não posso deixar de referir outro tipo de crime ambiental: o terrorismo, não contra o ambiente mas contra o próprio Homem, como parte do ecossistema global. Terrorismo é definido como"prática do terror como instrumento de acção política, procurando alcançar pelo uso da violência objectivos que poderiam ou deveriam cometer-se ao exercício legal da vontade política. O terrorismo caracteriza-se, antes de mais, pela indiscriminação das vítimas a atingir, pela generalização da violência, visando, em última análise, a liquidação, desactivação ou retracção da vontade de combater do inimigo predeterminado, ao mesmo tempo que procura paralisar também a disponibilidade de reacção da população"( in Polis - Enciclopédia Verbo do Direito e do Estado, V volume, col. 1196).
Terrorismo é das palavras mais asquereosas que conheço. Vale por si, sem precisar de muitos adjectivos.
Cabe aos governos mundiais, por todos nós eleitos, decidir se querem ou não fazer algo contra o terrorismo.
É um assunto que dá que pensar....

segunda-feira, dezembro 26, 2005

Retrospectiva ambiental...

Fazendo uma retrospectiva do ano que agora está prestes a terminar, penso que o mais me marcou em termos de ambiente, em Portugal, foi a seca. Esta que se viveu em 2005, foi a maior de que há memória, pelo menos na minha memória! O Alentejo dourado, das searas de trigo, este Verão estava...em pó! Este assunto toca-me especialmente, vi o gado e a terra secos, tudo castanho e pó...só pó...entristecedor! Os meteorologistas disseram que um anticiclone de bloqueio afastou as
chuvas da península ibérica, fazendo com que 100% do território nacional, ficasse sob seca severa ou extrema. As albufeiras e barragens do Alentejo, estavam vazias e de lá foram retiradas quase 170 toneladas de peixe vivo, para evitar que morressem dentro de água, devido à falta de oxigénio, o que implicaria uma maior deterioração da água, já de si em quantidade reduzida. Segundo a Quercus, Portugal é um país que assenta grande parte da sua produção eléctrica na componente hídrica, pelo que a seca obrigou a uma maior produção, recorrendo às centrais térmicas a carvão, gás natural e fuelóleo. A Quercus, revelou também, que devido à seca, entre Janeiro e Setembro deste ano, o sector de produção de electricidade, emitiu mais 39% de dióxido de carbono para a atmosfera, em relação ao período homólogo de 2004. "Já não existem dúvidas de que o clima do planeta está a mudar", referiu Dennis Tirpak, em Exeter, "Nove dos últimos dez anos revelaram ser os mais quentes, desde o início das medições meteorológicas, em 1861", disse o mesmo cientista. Após um ano em que Portugal atravessou um dos piores períodos de seca dos últimos 60 anos, não será fundamental uma maior sensibilização das pessoas para a gestão racional dos recursos hídricos, educando para a mudança dos comportamentos?

quarta-feira, dezembro 21, 2005

O meio ambiente somos todos nós ...

O edificar de uma nova sociedade e o construir de uma realidade que se coadune melhor com o bem estar comum de todos, os nossos sonhos e aspirações comuns, a exaltação do valor da vida e da paz – este é o espirito do Natal. Este espirito, é acreditarmos no potencial de todos para construirmos um ambiente diferente e de nos recusarmos a aceitar esta desordem ecológica! Talvez este Natal seja a oportunidade certa para pensarmos no que nos rodeia, no ambiente que temos e no ambiente que queremos, e no esforço colectivo que teremos de empreender para podermos ter um mundo melhor... Nesta quadra natalícia reflictamos também na questão da relação do homem consigo próprio, com os outros, com o ambiente natural e construído que, por sua vez, não deve ser apenas preservado, mas melhorado. Há que reflectir sobre as coisas que se passam à nossa volta, muitas delas, nem temos a noção dos seus contornos reais... a natureza é algo que nos rodeia, nos envolve, nos engole... A nossa relação com o ambiente condiciona as nossas percepções, as nossas avaliações e os nossos comportamentos e, sobretudo, determina o nosso bem-estar quotidiano, nos nossos diferentes espaços de vida... de qualquer forma é Natal e neste planeta (des) unido desejo a todos Feliz Natal na língua de cada país: África: Rehus-Beal-Ledeats Arábia: Idah Saidan Wa Sanah Jadidah Argentina: Feliz Navidad Armênia: Shenoraavor Nor Dari yev Pari Gaghand Brasil: Boas Festas e Feliz Ano Novo Bulgária: Tchestita Koleda; Tchestito Rojdestvo Hristovo Chile: Feliz Navidad China: (Cantonese) Gun Tso Sun Tan'Gung Haw Sun Colômbia: Feliz Navidad y Próspero Año Nuevo Croácia: Sretan Bozic Holanda: Vrolijk Kerstfeest en een Gelukkig Nieuwjaar! EUA, Inglaterra e países de lingual inglesa: Merry Christmas França: Joyeux Noel Grécia: Kala Christouyenna! Hungria: Kellemes Karacsonyi unnepeket Indonésia: Selamat Hari Natal Iraque: Idah Saidan Wa Sanah Jadidah Irlanda: Nollaig Shona Dhuit, or Nodlaig mhaith chugnat Itália: Buone Feste Natalizie Japão: Shinnen omedeto. Kurisumasu Omedeto Coréia: Sung Tan Chuk Ha Latim: Natale hilare et Annum Faustum! Lituânia: Linksmu Kaledu Macedônia: Sreken Bozhik Noruega: God Jul, ou Gledelig Jul Papua Nova Guiné: Bikpela hamamas blong dispela Krismas na Nupela yia i go long yu Peru: Feliz Navidad y un Venturoso Año Nuevo Filipinas: Maligayan Pasko! Polónia: Wesolych Swiat Bozego Narodzenia ou Boze Narodzenie Portugal: Feliz Natal Roménia: Sarbatori vesele Rússia: Pozdrevlyayu s prazdnikom Rozhdestva is Novim Godom Sérvia: Hristos se rodi Slovaquia: Sretan Bozic ou Vesele vianoce Tailândia: Sawadee Pee Mai Turquia: Noeliniz Ve Yeni Yiliniz Kutlu Olsun Ucrânia: Srozhdestvom Kristovym Vietnam: Chung Mung Giang Sinh Yugoslavia: Cestitamo Bozic
Esteja onde estiver, esteja bem consigo próprio e com a natureza, Feliz Natal e um Ano de 2006, muito melhor do que este, que está prestes a terminar!
Ana Isabel

terça-feira, dezembro 06, 2005

Ambiente: um tema de todos os tempos...

Muitas coisas terríveis há mas nenhuma mais terrível que o Homem. Esse, como tempestuoso Noto, para além do mar cinzento caminha pelas vagas, que rugem à sua volta. Massacra a Terra, imperecível e incansável, -a mais excelsa entre os deuses-, movendo o arado, ano após ano, com raça trabalhando. O Homem engenhoso, lançando a rede à volta, apanha, a tribo das aves, de coração leve, e a raça das feras selvagens, e a fauna marítima,na pregas da malha fiada; e com artificios domina a fera que vive ao ar livre nos montes e submete o cavalo de pescoço com crina, com o jugo à volta do pescoço e o touro incansável das montanhas.[...] o Homem na grande cidade, mistura leis da terra, com a justiça aos deuses jurada. É expluso da cidade o que acompanha com o que não é bom, por causa da ousadia. Não se senta à lareira comigo, nem se tenha igual nos pensamentos aquele que faz tais coisas. Sófocles, Antígona (332-375) Um poema de Sófocles, que por ser tão actual que poderia ter sido escrita nos tempos de hoje. Estas são questões tão pertinentes actualmente, como eram quando Sófocles escreveu o seu poema do século V a.c.Passados tantos séculos podem identificar-se os mesmos problemas. Soper diz: “natureza é o termo com que a humanidade pensa a sua especificidade, e que faz sempre par oposicional com alguma outra palavra, que constitui a outra face da moeda”, diferenciando o humano do não humano. Desde a Grécia antiga que este binómio Homem-Natureza está associado à ambivalência interpretativa que o contraste de dois termos possibilita. No final do Século XX , surge um novo conceito para o binómio Homem / Natureza, onde por um lado estão a política e a legislação e por outro a intervenção insistente da ciência. Curiosa é a opinião de Guiddens que defende que o Homem se vai preocupando menos com o que a natureza pode fazer por ele, mas sim o que ele pode fazer pela natureza “Um mundo, onde o lado sombrio do projecto de transformação de uma natureza definida como o Outro em relação à humanidade”.